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Praia Homem do Leme
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DE MARÇO A DEZEMBRO DE 2024
Entrada Gratuita
Teatro Experimental do Porto
Antecipando a comemoração dos 500 anos passados sobre a circum-navegação marítima por Fernão de Magalhães (1519), chegou a altura de lhe fazer perguntas. Continuamos a aceitar uma História escrita sobre os discursos dos outros: uma narrativa de glorificação, expansionista, colonialista, imperialista. O que ficou de fora desta historiografia?
Nau! é uma instalação que usa um contentor marítimo como simulacro, um dispositivo imersivo que procura, também, a emersão: o espectador intervém no espaço, trazendo à tona o avesso do discurso historiográfico da Circum-navegação. O exterior da instalação serve igualmente de espaço de encontro, de discussão e problematização públicas do colonialismo e da historiografia, convocando conferências e performances abertas a todos. Nau! procura, usando as palavras de Walter Benjamin, “escovar a história a contrapelo”.
Programação paralela
Manuela Ribeiro Sanches . Conferência Perspetivas e Mundos às Avessas ou Como Abrir o Círculo das Circum-Navegações . 19h00
São conhecidas as ficções tornadas célebres no século XVIII acerca dos ‘outros’ da Europa como crítica à ‘escravatura’ e à tirania de reis e, sobretudo, de aristocratas. Tais ficções tiveram, por sua vez, origem nos relatos de viagem postos em circulação desde a era dos ‘descobrimentos’ europeus, começando com a Carta de Colombo e prosseguindo com a de Pêro Vaz de Caminha sobre o ‘achamento’ do Brasil. Desde as Cartas persas de Montesquieu até a’O ingénuo de Voltaire, passando pel’O cidadão do mundo de Oliver Goldsmith, para não falar, evidentemente do ‘bom selvagem’ de Jean-Jacques Rousseau, essas narrativas alimentaram tanto o gosto pelo exótico como a crítica da civilização europeia ou a sua sátira. Contudo, estas narrativas, que permitem questionar as versões monolíticas do ocidente, não escapam a um solipsismo etnocêntrico que urge questionar. Para o efeito, considerar-se-á outras narrativas, como a Interessante narrativa da vida de Olaudah Equiano, ou Gustavo Vassa, o Africano, e outros relatos de escravos, até aos mais recentes da autoria dos seus descendentes, como os itinerários europeus de Caryl Phillips ou de Richard Wright. Narrativas de viagem, todas elas, em aceções diferentes, estes textos, que descrevem espaços de experiência muito distintos, podem, se lidos em contraponto, permitir uma abordagem que abra espaço menos a mundos alternativos, horizontes de expectativa desmesuradamente utópicos, do que a formas precárias, mas mais justas, de vivermos em conjunto num mundo finito e, mal, partilhado.
Direção, conceção e pesquisa
Gonçalo Amorim
Conceção e coordenação de pesquisa
Raquel S.
Conceção e realização plástica
Catarina Barros
Desenho de luz e realização plástica
Rui Monteiro
Desenho de som
Rui Lima, Sérgio Martins
Produção
TEP - Teatro Experimental do Porto
Apoio à pesquisa
Marta Lança
Coprodução
Câmara Municipal do Porto
OUTRAS DATAS DE APRESENTAÇÃO